O encontro de apenas um dia do fotógrafo Paulo Alegria com o Teatro de Balugas resultou num conjunto de fotografias que nos mostram que não precisamos de mais do que um terreiro para fazer teatro. Observando o elenco, enquanto este deitava mãos à obra e tornava palco o adro da igreja românica de São Martinho de Balugães, as imagens extraídas trazem-nos o Vale do Neiva, essa terra antiga de onde o teatro popular nunca desapareceu e onde permanecem intactos os espaços onde ele acontecia.
A peça apresentada, uma adaptação para teatro de rua do “Auto dos Bons Diabos”, obra de Cândido Sobreiro, é um forte testemunho de que os “Balugas” constroem muito mais do que singelas encenações: é que, nas suas peças, o Alto Minho emerge inteiro, como região em que a permanente dicotomia entre aceitação e recusa foi sempre o gérmen criador da nossa identidade.
O entusiasmo instala-se peça e livro adentro, quando nos apercebemos que as novas gerações retiveram um dos mais sábios ensinamentos: que um futuro interessante e suportável só surgirá da enxertia da planta do presente no sólido fuste do passado.
(Raul Pereira, 2017)
photography and design fotografia e design Paulo Alegria
management and presentation gestão e apresentação Cândido Sobreiro.
text revision revisão de texto Raul Pereira translation tradução Ricardo Pereira
printing impressão Casa dos Rapazes publisher editor Teatro de Balugas
2017/11 ISBN 9789892076157